terça-feira, 25 de outubro de 2011

25/10

Última terça-feira da viagem. Dia de acordar cedo e estudar. Hoje choveu pela primeira vez desde o dia que chegamos. Na verdade, nem deu pra abrir o guarda-chuva de tão leve que era a chuva. Mas estava bem frio. Aqui em Los Angeles nessa época do ano quase todos os dias de manhã faz frio e parece que vai chover. Lá pela hora do almoço já não tem nenhuma nuvem no céu e um sol de rachar e quando o sol de põe esfria bastante de novo. Você tem que sair sempre preparado para a mudança de temperatura. Voltando ao que interessa, chegamos na hora pra aula (não nos atrasamos nenhuma vez) e como as entrevistas tomariam tempo, não fizemos relaxamento nem os exercícios sensoriais. Dessa vez, eu tinha feito todo o dever de casa e sabia mais sobre a vida da Collete do que da minha própria. Não fui a primeira mas também não fui a última. Fui antes do Alberto, o que é um fato impressionante. O que aconteceu foi que fiquei pensando na personagem enquanto ouvia as outras entrevitas e em determinado momento eu senti uma necessidade imensa de subir no palco e começar a falar. As dores dela (Collete, minha personagem) estavam me sufocando e eu precisava botar pra fora. Foi uma ótima experiência! Eu até esqueci de me preocupar com o fato de ter que falar em inglês. Afinal, ela, que não era mais ela e sim eu, era americana. A entrevista acontecia como se fosse dentro de um sonho e por isso a personagem tinha que responder mesmo as perguntas que ela não responderia normalmente para qualquer pessoa. Era uma conversa através do inconsciente e nós deveríamos usar nas respostas tanto informações tiradas da peça, quanto informações imaginadas por nós e outras tiradas da nossas próprias vidas a fim de achar um fio conector entre a pessoa e o personagem. Eu usei bem pouco dos fatos da minha vida pessoal já que tinha imaginado um montão deles, mas pude usar sentimentos verdadeiros meus em situações totalmente diversas. Alberto teve que descrever na entrevista dele o que o personagem dele amava na mulher dele. E no fim da entrevista disse que tinha sido muito bom porque ele pode descrever exatamente o que ele amava em mim. Um fofo! Depois de mais essa última aula, almoçamos correndo pra voltar para a aula de luta. Hoje era o dia em que aprenderíamos uma coreografia de luta para depois filmar a sequência. Eu estava super ansiosa porque adoro essa aula e queria muito me assistir fazendo uma coisa que nunca tinha feito antes. Fizemos um bom aquecimento e alongamento e uma pequena revisão. Eu acabei dando sorte porque estávamos em número ímpar e eu sobrei para fazer o alongamento com o professor e a revisão com o assistente dele. Mas na hora da coreografia escolhi como adversária minha parceira da outra cena já que as nossas personagens se odeiam e acabam mesmo se batendo numa outra cena. Tudo saiu sem maiores acidentes. Ela só me acertou um soco sem querer na mão e eu acertei um soco sem querer (eu juro!) no Alberto quando ele estava tentando me mostrar como fazia. Mas eu não fiquei machucada e nem ele. Durante a sequência, eu tinha que fazer um rolamento, que nunca foi meu forte, e no ensaio eu acabava ficando nervosa e fazia de qualquer jeito. Mas até que na hora de gravar eu fiz tudo direitinho na medida do meu possível. Me diverti muito fazendo e colocando toda a agressividade pra fora. Aprendi muito nessas três aulas de luta e o principal foi acreditar que eu também posso ser capaz. A gente assistiu todas as sequências depois e eu definitivamente não estava entre as piores como era de se esperar. Saí dessas aulas sem ter batido com a cabeça nenhuma vez. Praticamente um milagre! A gente vai receber depois o dvd com a cena e eu poderei provar o que estou dizendo. A filmagem não mostra exatamente como ficaria a cena porque foi filmada em plano aberto e de longe e esses movimentos são feitos para enganar a câmera em outros ângulos de maneira a parecer que o soco que não encosta, encostou. Mas dá pra ter uma ideia. Depois da aula, ensaiei minha cena de quinta que estou adorando fazer. Resolvemos tentar ir um pouco adiante na cena e vamos perguntar pra professora se podemos fazer com mais esse pedaço porque na parte que fazíamos antes só eu atacava ela, e logo depois ela começa a me atacar, o que deixa o todo mais interessante. Amanhã vamos ensaiar de novo. Agora tenho que começar a decorar o resto da cena já que inventei de fazer.

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