segunda-feira, 10 de outubro de 2011

10/10

E, finalmente, chegou o primeiro dia de aula. Propósito principal de toda essa viagem. Tomei meu iogurte e vi que já tinham respondido a minha diligência no Ministério da Cultura. Mas deixei pra terminar minha análise no fim do dia. Saímos cedo para almoçar porque tínhamos que chegar meia hora antes da aula começar pra assinar os papéis e tal. Como o inchaço tinha melhorado um pouco, arriscamos uma comida mais mastigável. Tinha esquecido de comentar que o nosso vizinho, o cinema mudo, disse que o ingresso custa $18 mas que eles não estão vendendo ingressos. Vai entender... Parece que só está funcionando para sócios. Sim, você pode pagar um passe mensal ou anual, o que não é o nosso caso. Ah, os ônibus aqui tem uma estrutura na frente, do lado de fora para carregar as bicicletas dos passageiros. Bem legal! Almoçamos no restaurante do lado do que sempre vamos. Como já tinha um tempo que estávamos comendo bem, fomos comer porcaria pra variar. O nome da lanchonete era Johnny Rockets, bem tipicamente americana. Na Disney, eu sempre achava o menu infantil mais interessante, mas eu não podia comprar por ter mais de 9 anos. Mas nessa lanchonete eles permitiram e foi a melhor escolha. O pior é que nem assim eu consegui comer tudo sozinha. Alberto aproveitou para realizar seu sonho de fazer uma jukebox funcionar. Por 5 cents, ele pediu uma música dos Beatles pra acompanhar nossa refeição. Saímos a tempo de chegar no Instituto na hora, embora com a barriga tão cheia que estava difícil de caminhar. Fora o meu nervoso misturando tudo lá dentro. Entramos no Lee Strasberg Institute pela primeira vez e nos disseram para esperar numa sala logo na entrada. Uma menina de NY que ia fazer o curso com a gente me ofereceu o lugar do lado dela e começamos a conversar. Hora de colocar para fora todo o inglês que se esconde aqui em algum lugar da minha caixola. Até que eu entendi tudo que ela disse e ela também me entendeu. Conhecemos ainda algumas pessoas antes de entrarmos na sala. Na turma tem gente de todo canto do mundo, mas só mulheres. Achava que só teriam dois homens, mas parece que o outro desistiu e só sobrou o meu mesmo. Assinamos os papéis, um deles bizarro nos responsabilizando por qualquer dano que podemos sofrer durante as aulas de luta. Preferi nem ler os detalhes desse. Nossa primeira aula foi de Interpretação pra TV e Cinema com Sasha Krane, sobrinho do Strasberg. O cara é muito bom! A aula foi bem proveitosa! O problema é que ele não falava devagar por estar numa turma cheia de alunos estrangeiros, o que exigiu uma atenção absoluta durante todo o tempo pra entender o que ele dizia. Até que me saí bem no entendimento. Mas não me senti muito confiante pra falar muito. Nada de tão diferente de quando a aula é em português. Eu sou mesmo melhor de ouvir e absorver. Por ser o único aluno do sexo masculino, lógico que o Alberto virou o alvo da maior parte das piadas por parte do professor, que chama ele de Brasil. Apesar de parecer bastante inteligente, o nosso professor, como a orientadora que nos selecionou, também não sabia que língua se fala no Brasil. No começo da aula assistimos a uma cena do Poderoso Chefão, na qual tínhamos que identificar os objetivos dos personagens e tal. Na hora de perguntar quem tinha monólogos para trabalhar... silêncio absoluto. Todo mundo morrendo de medo de começar. A corajosa da vez foi uma russa muito simpática. Os voluntários pra ir depois dela foram o Alberto e eu, nessa ordem. Apesar de serem monólogos, as pessoas contracenavam com alguém que escolhiam. Ou seja, na cena do Alberto, lá estava eu. Cada um teve bastante tempo de trabalho na cena. Fazia uma vez e ele ia dirigindo e sugerindo exercícios pra melhorar a cena quantas vezes fossem necessárias pra chegar a algum resultado que desse para notar uma boa diferença. Meu amor mandou bem, mas foi melhorando com os ajustes. Coincidência ou destino, uma das propostas era que ele cantasse pra mim uma música romântica em português. Acontece que ele adora cantar e eu nunca deixo. Dessa vez tive que ouvir a música todinha. Não foi tão ruim assim. A cena melhorou depois. Hora do intervalo. A esse ponto estou muito nervosa. Tenho muito medo de esquecer tudo, de ele perguntar qualquer coisa e eu não conseguir responder em inglês, enfim... Acabou que ele não lembrou que eu tinha me oferecido no começo da aula e outra pessoa se ofereceu e acabou ocupando até o fim da aula. Minha participação hoje foi de cinema mudo. Mas deu para aprender bastante. Saí de lá com o cérebro doendo depois de quatro horas de aula sem legenda. Senti depois de tudo uma necessidade de rasgar a pele e soltar alguém que ainda se esconde lá dentro com medo de sair. Como se fosse agora ou nunca. Voar ou cair. Crescer ou crescer. Hora de parar de ficar bloqueando o meu caminho e me deixar passar. Espero conseguir cruzar a barreira logo. As coisas que ele falou fizeram muito sentido para mim. Ainda bem que está tudo gravado. Depois da aula foi um pouco difícil deixar aquele lugar. Conversamos um pouco mais com as pessoas da turma e voltamos para o albergue. Apesar da dor de cabeça por causa do esforço mental, resolvi ir direto trabalhar. Terminei e enviei meu primeiro parecer que espero que não contenha nenhuma impropriedade formal. Se tiver algum problema, eles devolvem e eu tenho a chance de consertar uma vez. Tomara que não. Conversei um pouco com a minha linda mamãe de quem estou morrendo de saudades. Aproveito pra mandar melhoras pra vovó Ieda que está gripada e que eu espero que fique boa logo e um beijo pro vovô com o meu muito obrigada por tudo. Agora é hora de dormir porque amanhã tenho aula de Método de manhã e de Luta para Filmes logo depois do almoço. Que Deus me ajude.

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