terça-feira, 25 de outubro de 2011

24/10

Última segunda-feira da viagem. Alberto tinha ensaio marcado 12h, antes da nossa aula, com a parceira de cena dele para a aula de quinta e eu iria ensaiar depois da aula. Então, ele saiu mais cedo me deixando sozinha um pouco, o que foi bom já que passamos praticamente 24h juntos durante todos esses dias. Se ainda não estamos nos odiando é um bom sinal...rs. Marquei de encontrar com ele 13:30 perto do curso para almoçarmos antes da aula. Comemos rápido e aproveitamos para passar o texto da nossa cena. Eu não estava tão nervosa quanto na outra semana em que acabou não tendo, e isso não era um bom sinal. Contrariando o que sempre faço me deixando para apresentar por último, o Alberto nos fez ser os primeiros. Por um lado é bom porque a gente aproveita melhor o resto da aula sem a preocupação de se apresentar. Mas por outro lado, como cobaias podemos ser pegos de surpresa. E foi o que aconteceu. Ele só tinha pedido pra gente levar uma cena e identificar os objetivos dos personagens e eu achei que era só pra ter uma base para trabalhar durante a aula e não que deveria ser uma cena pronta e tal. Mas o que ele esperava era que a gente aplicasse técnicas do método que estamos aprendendo em outra aula. Então, no fim da cena ele começou a me fazer um monte de perguntas sobre a vida da personagem que não faziam parte do filme e que eu não tinha trabalhado. Estava trabalhando isso na outra cena e nem me preocupei de fazer isso com essa. Me senti super mal, mas pelo menos consegui fazer ele entender que o objetivo que eu tinha identificado na cena estava certo. Ele nem fez as perguntas pro Alberto. Nos indicou alguns ajustes e fizemos mais algumas vezes de acordo com o que ele ia indicando. Mas ele estava certo e todas essas informações faziam falta pra construção do personagem como um indivíduo específico e não generalizado. Ainda não assistimos a cena pra ver como realmente estava. Na verdade, nenhuma das outras pessoas tinha feito esse trabalho. As que sabiam mais informações era porque a informação estava dentro da história e não porque tinham criado. Mas a minha personagem só tinha duas cenas no filme, o que não me dava muitas pistas. Acabei me sentindo frustrada e chateada porque podia ter trabalhado mais, mas é difícil não se distrair tendo toda cidade para conhecer e não muito tempo. Fiquei pensando que se ele tivesse dado essa aula na semana passada a gente teria tido uma semana pra consertar e fazer de novo. Mas era a última aula, última chance. O que me deixou mais triste foi o fato de a aula dele ter sido muito boa, queria mais. Mas é um intensivo e ele me explicou que era assim mesmo, que o importante era a gente entender o que devia ser feito para poder aplicar depois no nosso trabalho. Acho que entendemos bem e fará diferença no nosso futuro, mesmo que tendo sido uma experiência tão rápida. A parte mais consoladora foi que, sendo o Alberto o único homem da turma, acabou tendo uma pequena conversa com o professor durante o intervalo no banheiro masculino. O professor disse pra ele que tinha uma sensação muito boa a respeito dele e de mim. Que ele sabia como era difícil fazer tudo isso e num segundo idioma e que via que a gente estava entendendo o que ele estava propondo e que a gente só precisava de mais tempo pra chegar onde ele queria na cena. Além disso, a nossa cena era gigante e ele admirou nossa coragem de estudar tudo aquilo. Disse também que sentia que a gente ainda iria voltar e que a gente devia voltar. Engraçado porque na semana passada depois dessa aula eu só queria voltar pro Brasil e depois dessa aula eu me senti como se ainda não estivesse preparada pra voltar. O ensaio depois da aula não aconteceu porque a minha parceira de cena não tinha começado a decorar o texto ainda. Então, ficamos um pouco mais por lá pra assitir um pedaço da aula do nosso professor no curso regular. Ficamos só um pouco poque estávamos cansados e eu ainda tinha que estudar. Mas foi muito interessante porque uma das alunas tinha levado um amigo para mostrar o trabalho dele e era um pintor que tinha perdido a visão e que continuou pintando. Ele era tipo da nossa idade e falou um monte de coisas que foram uma boa lição de vida. Voltamos pro albergue e comecei a escrever a biografia da minha personagem da cena de quinta para poder fazer a entrevista com a professora de terça. Acabou ficando tarde e como eu estava com dor de cabeça deixei para escrever no dia seguinte.

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