Dia de partir. Dia de voar, seguir outros rumos. Dia de se despedir dessa aventura, desse aprendizado. Dia de viajar para deixar essa viagem acabar. O nosso transporte para o aeroporto chegou com 15 minutos de antecedência, me deixaram comer só uma fatia de pão. Nossas bagagens eram tantas que demos sorte de sermos os últimos a serem buscados e de ter sobrado um lugar vazio onde foram nossas bagagens de mão. Los Angeles é uma cidade imensa e, por isso, não conseguimos conhecer nem nossa rua inteira. Está certo que não era uma rua e sim uma avenida, mas só passamos por ela inteira na ida e na volta pro aeroporto. Nosso voo saía 13:30 e chegamos com uma boa antecedência. Os pesos da mala estavam ok e elas passaram pelo controle de segurança. Ninguém falou nada sobre o tamanho da minha mala de mão, mas eu sabia que ela não ia caber no compartimento e nem nos nossos pés. Até porque toda vez que embarcamos encontramos os nossos bagageiros já ocupados. Estava bem tensa com isso. Mas, de repente, uma voz anuncia que o nosso voo está completamente lotado e por isso terá problemas para comportar as bagagens de todos e que quem quisesse se voluntariar poderia despachar sua bagagem de mão direto para o destino final sem nenhum custo. Amém! Mais uma vez o Universo foi perfeito e esteve ao meu favor. Despachei minha linda mala de passarinhos e pude seguir em paz só com uma
mochila e uma sacola com meu travesseiro. O primeiro voo foi tranquilo. Eram quatro horas e meia de viagem. Mas, por causa da diferença de fuso-horário, vimos o anoitecer antes das 17h. Aproveitei para ler um pouco e deixei pra comprar o direito de usar a internet wi-fi no voo seguinte que era mais longo. Eu tinha combinado com a minha mãe que mandaria uma mensagem quando pegasse o segundo avião, mas o Alberto não sabe onde colocou o celular e provavelmente está despachado. Não teve muita espera entre um voo e outro, mas de repente já estávamos parcialmente de volta no Brasil. Acontece que quase todos que estavam lá esperando o voo pro Rio eram brasileiros e não mais se ouvia falar em inglês e sim em português. Aproveitei o intervalo para esticar um pouco as pernas. Esse foi o embarque mais bagunçado de todos. Acontece que nossos compatriotas não queriam compreender os avisos, em português, de que deviam aguardar sentados a hora do embarque e a chamada por zonas, e ficavam amontoados na frente da área de
embarque. Conseguimos embarcar e mais uma vez não tinha espaço no bagageiro. Tudo no pé mesmo. Paciência. A má notícia: esse voo não tinha acesso à internet e eu não teria como avisar minha mãe que estava tudo bem e eu estava a caminho na hora certa. Fiquei tão tensa que dei um jeito horroroso no ombro esquerdo que está doendo até agora e não me deixa fazer vários movimentos. Achei que a dor podia passar depois de decolar e estabilizar, mas não. Nesse momento, estou pela primeira vez escrendo a postagem em pleno voo. Embora só possa postar mesmo quando estiver em terra firme e com acesso à internet. Mas não podia esperar para escrever essa última postagem e eu nunca consigo mesmo dormir direito em avião. A essa hora, eu ainda estou biologicamente no dia 30, mas meu relógio já diz que é dia 31. Dia de chegar em casa e me inventar de novo. Aquela que chega não é a mesma que saiu. Isso eu já tinha certeza que aconteceria, mas tinha medo porque não sabia quem eu seria quando chegasse lá. Pois eu era eu mesma, só que eu mesma muda toda hora em qualquer lugar. As mudanças vão occorendo a cada experiencia. Às vezes, tão devagar que a gente que está dentro nem nota. Mas quanto mais intensas as experiências, maiores as mudanças. Por isso, posso afirmar que mudei bastante. Porque vivi bastante. Agora sei exatamente quanto tempo tem em 40 dias, porque vivi cada hora. A gente muitas vezes esquece de viver e fica só sobrevivendo, convivendo com a própria rotina. Aí o tempo passa e a gente nem vê. Essa é a grande maravilha de viajar, a sua rotina não cabe na bagagem. Essa experiência de escrever esse blog foi muito boa e espero conseguir levar a sensação adiante para que meus outros dias não sejam dias comuns. Por que não viver cada dia como se tivéssemos que escrever uma postagem inteira sobre ele? Porque ter que escrever sobre o seu dia te dá uma consciência plena do que você está fazendo com o seu tempo. Se você está ou não vivendo o seu presente. Te dá um incentivo para buscar coisas novas e interessantes. Te obriga a sair da preguiça, do deixa pra outro dia. Outra coisa que ficou forte em mim depois disso tudo foi que tudo depende do ponto de vista. Que as dificuldades menores só parecem pequenas perto das maiores. Então, se você tinha um objetivo que parecia muito difícil de alcançar, almeje um ainda mais difícil. Mas acredite nele com todo coração, que o primeiro, ao deixar de ser um objetivo e sim só mais um passo, vai parecer bem mais fácil. E quando você não acha tão inalcançável você vai lá pra ver e descobre que na verdade é só ficar na ponta dos pés. Porque talvez essa vida esteja longe de ser o objetivo final, mas sim um passo do caminho. Acredito que será muito bom poder reler tudo que escrevi sempre que quiser e mergulhar de novo nessa viagem. Mas talvez não tivesse tido força de vontade para escrever todos os dias se não soubesse que tinham pessoas aí do outro lado lendo, me acompanhando, torcendo, esperando pra saber que dias eram esses que eu estava vivendo lá em outro país, outro continente. Agradeço a todos que tiveram o interesse e a paciência de ler esses meus textos intermináveis. Acredito que alguns me conheceram mais nesses dias em que estou longe do que nos outros em que estava perto. A vida tem dessas ironias. E é uma delícia viver com todas as dores e prazeres que isso implica. Para que só andar se podemos fechar os olhos de olhos abertos e voar?
O que em mim voa
terça-feira, 1 de novembro de 2011
29/10
Último sábado da viagem. Último dia em Los Angeles. Acordamos bem tarde já que tínhamos ido dormir às 4h. Alberto começou a arrumar as malas dele porque o processo dele é bem demorado e envolve primeiro transformar tudo num caos total, enquanto eu escrevia o que tinha acontecido no dia anterior e pesquisava algumas coisas. Umas 14:30 fui chamá-lo no quarto, que a essa altura mal dava pra entrar de tanta bagunça, para irmos almoçar antes de ir ao cinema. O almoço foi no nosso querido Farmers Market. Um crepe que tínhamos comido outro dia e que valia a pena repetir. Apesar do filme ter estreado no dia anterior e ser com o Johnny Depp, foi muito fácil de comprar os ingressos. Eu acho que já estava um pouco cansada de fazer esforço mental porque perdi mais do inglês do que deveria. Deu pra entender o filme, mas com certeza poderia ter sido melhor se tivesse entendido tudo. Não é a melhor atuação dele, mas ainda é ele. Lindo de tão talentoso. Ficamos sabendo que ele vai filmar um projeto pra Disney estilo western onde vai ganhar simplesmente 25 milhões. Não é pra qualquer um. Mas quem sabe um dia eu chegue lá. Depois do cinema, compramos uma lata de leite condensado pra fazer nosso último brigadeiro de albergue e um pote de Hagen
Dazs de despedida, inacreditável de gostoso. O sabor era chocolate com marshmalow e amêndoas. Pena que no Brasil custa uma fortuna. Nada que eu não possa pagar quando estiver ganhando 25 milhões por filme. Voltamos pro albergue para encarar o desafio das malas. Eu até tentei esperar meu amor acabar de arrumar as dele pra ter espaço para arrumar as minhas, mas ainda bem que desisti porque ele acabou ainda depois de mim. O problema é que tínhamos que fazer o milagre da multiplicação do espaço. Parece que perdemos a linha nas compras. Mas os preços das coisas eram irresistíveis. Enfim, devíamos ter trazido menos coisas para termos mais espaço de reserva. A minha sorte foi que tinha comprado outra mala de mão bem maior do que a que eu tinha usado na ida. Ainda assim quase que não coube. Depois de tudo arrumado, nosso quarto tinha montanhas de caixas e sacolas plásticas. Produzimos uma imensa quantidade de lixo. Quando saímos do Brasil, tínhamos que respeitar o limite de peso de bagagem de 23kg porque faríamos uns voos domésticos. Na volta, podíamos carregar 32kg em cada mala e ainda assim estávamos com medo de ultrapassar. O Alberto conseguiu uma balança emprestrada no albergue. Isso já era pra lá de meia noite e graças a Deus nossas malas estavam dentro do limite. As minhas estavam tranquilas, mas as dele no limite do limite. Minha real preocupação era que a mala de mão nova era maior do que o que dizia no site que era permitido. E se eu tivesse que despachá-la também, teria que pagar uma taxa de $85. Tiramos algumas coisas dessa mala e tranferimos para as outras para ver se as dimensões diminuiam, mas elas continuavam maiores do que deviam. Só me restou rezar pra deixarem passar e afogar a ansiedade no brigadeiro, no sorvete e na pipoca. Só conseguimos ir dormir às 2h, mas com tudo pronto para o dia seguinte e com o despertador ligado para às 9h.
Dazs de despedida, inacreditável de gostoso. O sabor era chocolate com marshmalow e amêndoas. Pena que no Brasil custa uma fortuna. Nada que eu não possa pagar quando estiver ganhando 25 milhões por filme. Voltamos pro albergue para encarar o desafio das malas. Eu até tentei esperar meu amor acabar de arrumar as dele pra ter espaço para arrumar as minhas, mas ainda bem que desisti porque ele acabou ainda depois de mim. O problema é que tínhamos que fazer o milagre da multiplicação do espaço. Parece que perdemos a linha nas compras. Mas os preços das coisas eram irresistíveis. Enfim, devíamos ter trazido menos coisas para termos mais espaço de reserva. A minha sorte foi que tinha comprado outra mala de mão bem maior do que a que eu tinha usado na ida. Ainda assim quase que não coube. Depois de tudo arrumado, nosso quarto tinha montanhas de caixas e sacolas plásticas. Produzimos uma imensa quantidade de lixo. Quando saímos do Brasil, tínhamos que respeitar o limite de peso de bagagem de 23kg porque faríamos uns voos domésticos. Na volta, podíamos carregar 32kg em cada mala e ainda assim estávamos com medo de ultrapassar. O Alberto conseguiu uma balança emprestrada no albergue. Isso já era pra lá de meia noite e graças a Deus nossas malas estavam dentro do limite. As minhas estavam tranquilas, mas as dele no limite do limite. Minha real preocupação era que a mala de mão nova era maior do que o que dizia no site que era permitido. E se eu tivesse que despachá-la também, teria que pagar uma taxa de $85. Tiramos algumas coisas dessa mala e tranferimos para as outras para ver se as dimensões diminuiam, mas elas continuavam maiores do que deviam. Só me restou rezar pra deixarem passar e afogar a ansiedade no brigadeiro, no sorvete e na pipoca. Só conseguimos ir dormir às 2h, mas com tudo pronto para o dia seguinte e com o despertador ligado para às 9h.
sábado, 29 de outubro de 2011
28/10
Última sexta-feira da viagem. Penúltimo dia em LA. Curso completo, hora de botar o turismo em dia. Ainda tinha duas coisas que queria conhecer antes de ir embora. Resolvi fazer as duas nessa sexta para deixar o sábado para o Johnny Depp e a arrumação das malas, que não vai ser fácil. A primeira era conhecer a praia. Pensamos em ir até Malibu, mas seriam 2 horas de viagem de ônibus, então fomos até Santa Mônica Beach. Para chegar lá precisamos pegar dois ônibus, mas estávamos com sorte e não tivemos que esperar quase nada por eles. O caminho já foi um passeio porque passamos por vários lugares que não tínhamos passado antes, como os estúdios da Fox. Graças ao nosso amigo google maps chegamos lá direitinho. A praia é bem bonita e o píer é super animado com videntes (tem muitas por aqui), dançarinas do ventre, palhaços, entre outros tentando ganhar a vida nesse país. No píer, tem um parque de diversões à moda antiga que era a cara daqueles primeiros encontros que vemos em filmes quando o cara ganha um bicho de pelúcia para a garota e eles tomam sorvete e comem algodão doce. Provavelmente muitas dessas cenas foram mesmo filmadas lá. De acordo com o guia de Los Angeles que meu amor comprou, lá fica a única roda gigante movida à energia solar do mundo! E claro que nós não perdemos a oportunidade de dar umas voltinhas nela e apreciar a vista da praia do alto. Pena que não conseguimos ver nenhum golfinho ou leão marinho. Da praia, fomos conhecer uma rua deliciosa cheia de lojas, restaurantes e cinemas, fechada para carros. Uma prima mais rica da Rua das Pedras de Búzios. De dia a rua é charmosa, mas quando escurece luzes acendem nas árvores e fica ainda mais bonito de se ver. Só falta a neve para nos sentirmos no Natal dos filmes. A praia de Santa Mônica é famosa pelo seu pôr do sol. Voltamos lá na hora certa para conferir e tirar fotos. Andamos mais um pouco pelas lojas e pegamos nossos ônibus de volta para a segunda parte do nosso dia. Em todos esses dias de viagem, o mais tarde que ficamos na rua foi no dia que assistimos Wicked, que chegamos de volta lá pra meia noite. Ou seja, não conhecemos a madrugada de nenhum dos lugares e agora era a hora. Toda sexta, o nosso albergue organiza uma ida a uma boite que começa com uma festa no próprio albergue. Mas não é qualquer ida. É uma saída em grande estilo numa super Limousine branca. E não era uma noite qualquer, mas uma festa de Halloween. Não podíamos deixar de ir. Como só descobrimos que seria festa de Halloween em cima da hora, não tínhamos comprado nenhuma fantasia. Tivemos que improvisar uma roupa mais dark e ir assim mesmo. A festa no albergue nós não aproveitamos muito porque chegamos tarde, mas a Limousine já era uma boite em si. Luzes verdes, música alta, pessoas pra lá de bêbadas se divertindo. Foi bem engraçado de ver e participar. Conhecemos dois brasileiros que estão em outra filial do nosso albergue. Entramos no clima e nos sentimos jovens de novo. Tudo bem, nós somos jovens, mas não tanto e não costumamos fazer esses programas que você precisa ser jovem para curtir. O Halloween aqui é o Carnaval no Brasil. As fantasias não tem necessariamente nada a ver com Halloween. No geral, parece que o objetivo principal das mulheres é usar o mínimo de roupa possível e o espírito é o de carnaval onde ninguém é de ninguém. Ainda bem que eu estava com meu namorado do lado de quem eu não podia desgrudar porque elas não estavam de brincadeira não. O espaço da casa noturna era muito bonito com três ambientes e uma pista de dança onde tocavam as exatas mesmas músicas que a gente ouviria se fosse em uma no Brasil. No palco, homens e mulheres se revezavam dançando para animar a galera. Todos dançavam muuuuito. Do tipo, impossível fazer esses movimentos nessa velocidade com esse salto alto. Os caras eram mais pro estilo hip hop de dança com aqueles passos de tirar o fôlego. Nos bares, mulheres serviam as bebidas vestidas com nada mais que lingerie. Não sei como elas aguentam o frio porque eu estava de sobretudo e numa boa. Nos divertimos pra caramba! Dançamos muito e aproveitamos a companhia um do outro como se não estívessemos sem nos separar há tantos dias. É bom mudar de ares de vez em quando. Curiosamente, a noite de Hollywood acaba cedo e às 2h a boite já estava fechando. Era também a hora combinada para a nossa Limousine nos buscar, mas ela atrasou uma meia hora. Conhecemos um dos caras que trabalha no nosso albergue que nos ensinou que eu sou coelho e o Alberto é dragão e que isso é bom. E que de acordo com o ciclo de 12 anos, esse é o meu ano de fazer acontecer. Chegamos de volta umas 3h e por isso foi impossível escrever aqui antes de dormir. Mas agora estou de novo atualizada e posso partir pro meu último dia.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
27/10
Última quinta-feira da viagem. Último dia de aula. Dia de completar 49 meses de namoro. Dia de apresentar a cena tão estudada. Acordei, tomei café, correndo pra variar, e fui para o Instituto levando meu figurino excêntrico e meu namorado. Na aula, fizemos primeiro o relaxamento e depois começaram as cenas que ela escolhia a ordem em que seriam apresentadas. A primeira dupla não tinha o texto decorado direito e não tinha ensaiado. Então, a professora teve que definir onde ficariam os móveis e o que elas deveriam fazer além de ter que parar toda hora para dirigir a cena. Achei que era porque elas não estavam preparadas. Mas parece que a proposta dela não era que apresentássemos a cena simplesmente e sim trabalhar a cena com a gente. Particularmente, eu queria ter feito a cena pelo menos uma vez sem nenhuma interrupção. Ela falava demais e queria que tudo fosse do jeito que ela achava que tinha que ser porque já tinha trabalhado a cena muitas vezes. Foi um pouco chato de assistir, mas deu para aprender mais do que se só assistíssemos as cenas prontas. Eu me diverti bastante fazendo a minha e fiquei feliz mesmo com as interrupções, porque adoro a cena. As pessoas pareceram gostar também. O Alberto foi muito bem, embora a companheira de cena dele não fosse de muita ajuda. O desempenho dele durante todo o curso me deixou bem orgulhosa. Depois da primeira aula, saímos pela Santa Monica Boulevard procurando um lugar diferente para almoçar e acabamos parando num restaurante chamado Marco`s onde comemos um Fish & Chips que dava pro gasto. Meu amor continua investindo nas saladas comendo uma inteirinha antes de dividir o prato comigo. Na aula seguinte, ouvimos muitas histórias interessantes de bastidores e de testes e finalmente descobri de onde eu conhecia o nosso professor de audição. Ele fez o psiquiatra no Edward Mãos-de-Tesoura. Depois veio a parte mais difícil. Assistir às nossas próprias cenas da semana passada. Não dá pra dizer que amei me ver, mas posso dizer que já superei a fase de ter que correr para terapia depois. Ganhei muitos aplausos depois da surpresa no fim da minha cena. Mais uma vez o Alberto mandou muito bem! Conseguiu se destacar não só por ser o único homem. Depois de assistirmos todas as cenas, descobrimos que faltavam três. Tivemos um pequeno intervalo na aula enquanto tentavam recuperar as cenas perdidas, mas parecia que não iam conseguir. Nesse caso, o professor resolveu não decidir quem ganharia o papel para não ser injusto com as três que tiveram suas cenas perdidas. Mas perto do fim da aula, conseguiram recuperar e assistimos às que faltavam. Cada um teve que pegar um papel e escrever o seu voto. Claro que não podia votar em si mesmo. Votos recolhidos e contados. Surpreendentemente algumas pessoas não tinham entendido que o Alberto não estava concorrendo ao mesmo papel que a gente e votaram nele. O resultado foi um empate.... entre nós dois! Aê!!!!!! Ganhamos um papel fictício num filme fictício e saímos felizes e satisfeitos com isso! Foi o mais perto de um trabalho que Hollywood pode nos oferecer dessa vez. Tiramos algumas fotos, ficamos um tempo junto com a galera num lugar ali perto para despedida e fomos buscar a mala que agora está perfeitinha de novo. Voltamos pro albergue não sem antes passar na nossa querida loja Ross e coletar mais algumas coisas para levarmos pro Brasil. Não recebemos um dvd com o teste, mas recebemos o dvd das nossas lutas que vai ser divertido de assitir de novo embora seja bem rapidinho. Só mais dois dias em LA e chegará a hora de abrir as asas de novo e voar de volta pro ninho.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
26/10
Última quarta-feira da viagem. Como não tinha que acordar cedo, eu acordei tarde mesmo. Ainda tinha que decorar o resto do texto para o ensaio de hoje. Mas aconteceu uma coisa curiosa com esse texto. Nas duas vezes que fui parar pra decorar no meu método normal de decorar, descobri que já estava decorado. Não sei se por ter estudado tão profundamente o texto, entrado em contato com a personagem tão intimamente, mas as palavras me pareceram naturais e sem perceber já sabia todas elas. O ensaio era às 14h, mas foi tranferido para 15h. Só um tempo a mais pra entrar na internet com calma e ir almoçar. Cheguei lá na hora combinada e a Laura também. O ensaio fluiu muito bem! A cena é gostosa de fazer. Depois de passar tudo algumas vezes, ela me deu uma carona de volta pro albergue e cheguei até antes do Alberto que tinha levado uma das nossas malas pra consertar. Troquei de roupa e resolvemos ir conhecer a famosa Rodeo Drive em Beverly Hills, onde ficam todas as lojas mais famosas e caras como Armani, Gucci, Prada e todas as outras incompráveis para os pobres mortais ou os mortais não ricos. A primeira parte da rua era totalmente residencial e tinha cada casa mais linda que a outra e todas sem muro com carrões estacionados na porta. Chegamos na parte comercial umas 18h (o ônibus demorou muito pra passar) e quase todas as lojas estavam fechadas, o que foi estrategicamente positivo já que só queríamos mesmo conhecer o lugar e olhar as vitrines. A mais bonita de todas era a Ralph Lauren, mas tinha uma com partes de vidro no chão de onde você via como que um defile de manequins no andar de baixo muito interessante. A única que entramos foi a da Nike, que já estava quase fechando. Mas quando saímos, parece que estavam se preparando para algum evento importante com celebridades do lado de fora porque fomos literalmente expulsos da calçada sem maiores explicações. Pena que estava muito frio, eu não tinha gostado de como tinham falado com a gente e não sabíamos muito bem onde pegar o ônibus de volta, ou eu teria ficado esperando um pouco do outro lado da rua para descobrir o que ia acontecer ali. Achamos o ponto, mas vimos o ônibus passar antes de chegarmos lá. Ou seja, uma meia hora esperando o próximo. De volta para a nossa área, fomos comer no nosso querido Farmers Market e voltamos para o albergue. Amanhã é o último dia de aula. Infelizmente. Eles tem tanto para ensinar e nós tão pouco tempo para aprender. Quem sabe um dia a gente volte para o de três meses... Espero conseguir muitos trabalhos antes disso. Hollywood pode esperar. Um dia eu volto nem que seja só para receber meu Oscar. Agora vou tentar não dormir muito tarde para não acordar com tanto sono.
terça-feira, 25 de outubro de 2011
25/10
Última terça-feira da viagem. Dia de acordar cedo e estudar. Hoje choveu pela primeira vez desde o dia que chegamos. Na verdade, nem deu pra abrir o guarda-chuva de tão leve que era a chuva. Mas estava bem frio. Aqui em Los Angeles nessa época do ano quase todos os dias de manhã faz frio e parece que vai chover. Lá pela hora do almoço já não tem nenhuma nuvem no céu e um sol de rachar e quando o sol de põe esfria bastante de novo. Você tem que sair sempre preparado para a mudança de temperatura. Voltando ao que interessa, chegamos na hora pra aula (não nos atrasamos nenhuma vez) e como as entrevistas tomariam tempo, não fizemos relaxamento nem os exercícios sensoriais. Dessa vez, eu tinha feito todo o dever de casa e sabia mais sobre a vida da Collete do que da minha própria. Não fui a primeira mas também não fui a última. Fui antes do Alberto, o que é um fato impressionante. O que aconteceu foi que fiquei pensando na personagem enquanto ouvia as outras entrevitas e em determinado momento eu senti uma necessidade imensa de subir no palco e começar a falar. As dores dela (Collete, minha personagem) estavam me sufocando e eu precisava botar pra fora. Foi uma ótima experiência! Eu até esqueci de me preocupar com o fato de ter que falar em inglês. Afinal, ela, que não era mais ela e sim eu, era americana. A entrevista acontecia como se fosse dentro de um sonho e por isso a personagem tinha que responder mesmo as perguntas que ela não responderia normalmente para qualquer pessoa. Era uma conversa através do inconsciente e nós deveríamos usar nas respostas tanto informações tiradas da peça, quanto informações imaginadas por nós e outras tiradas da nossas próprias vidas a fim de achar um fio conector entre a pessoa e o personagem. Eu usei bem pouco dos fatos da minha vida pessoal já que tinha imaginado um montão deles, mas pude usar sentimentos verdadeiros meus em situações totalmente diversas. Alberto teve que descrever na entrevista dele o que o personagem dele amava na mulher dele. E no fim da entrevista disse que tinha sido muito bom porque ele pode descrever exatamente o que ele amava em mim. Um fofo! Depois de mais essa última aula, almoçamos correndo pra voltar para a aula de luta. Hoje era o dia em que aprenderíamos uma coreografia de luta para depois filmar a sequência. Eu estava super ansiosa porque adoro essa aula e queria muito me assistir fazendo uma coisa que nunca tinha feito antes. Fizemos um bom aquecimento e alongamento e uma pequena revisão. Eu acabei dando sorte porque estávamos em número ímpar e eu sobrei para fazer o alongamento com o professor e a revisão com o assistente dele. Mas na hora da coreografia escolhi como adversária minha parceira da outra cena já que as nossas personagens se odeiam e acabam mesmo se batendo numa outra cena. Tudo saiu sem maiores acidentes. Ela só me acertou um soco sem querer na mão e eu acertei um soco sem querer (eu juro!) no Alberto quando ele estava tentando me mostrar como fazia. Mas eu não fiquei machucada e nem ele. Durante a sequência, eu tinha que fazer um rolamento, que nunca foi meu forte, e no ensaio eu acabava ficando nervosa e fazia de qualquer jeito. Mas até que na hora de gravar eu fiz tudo direitinho na medida do meu possível. Me diverti muito fazendo e colocando toda a agressividade pra fora. Aprendi muito nessas três aulas de luta e o principal foi acreditar que eu também posso ser capaz. A gente assistiu todas as sequências depois e eu definitivamente não estava entre as piores como era de se esperar. Saí dessas aulas sem ter batido com a cabeça nenhuma vez. Praticamente um milagre! A gente vai receber depois o dvd com a cena e eu poderei provar o que estou dizendo. A filmagem não mostra exatamente como ficaria a cena porque foi filmada em plano aberto e de longe e esses movimentos são feitos para enganar a câmera em outros ângulos de maneira a parecer que o soco que não encosta, encostou. Mas dá pra ter uma ideia. Depois da aula, ensaiei minha cena de quinta que estou adorando fazer. Resolvemos tentar ir um pouco adiante na cena e vamos perguntar pra professora se podemos fazer com mais esse pedaço porque na parte que fazíamos antes só eu atacava ela, e logo depois ela começa a me atacar, o que deixa o todo mais interessante. Amanhã vamos ensaiar de novo. Agora tenho que começar a decorar o resto da cena já que inventei de fazer.
24/10
Última segunda-feira da viagem. Alberto tinha ensaio marcado 12h, antes da nossa aula, com a parceira de cena dele para a aula de quinta e eu iria ensaiar depois da aula. Então, ele saiu mais cedo me deixando sozinha um pouco, o que foi bom já que passamos praticamente 24h juntos durante todos esses dias. Se ainda não estamos nos odiando é um bom sinal...rs. Marquei de encontrar com ele 13:30 perto do curso para almoçarmos antes da aula. Comemos rápido e aproveitamos para passar o texto da nossa cena. Eu não estava tão nervosa quanto na outra semana em que acabou não tendo, e isso não era um bom sinal. Contrariando o que sempre faço me deixando para apresentar por último, o Alberto nos fez ser os primeiros. Por um lado é bom porque a gente aproveita melhor o resto da aula sem a preocupação de se apresentar. Mas por outro lado, como cobaias podemos ser pegos de surpresa. E foi o que aconteceu. Ele só tinha pedido pra gente levar uma cena e identificar os objetivos dos personagens e eu achei que era só pra ter uma base para trabalhar durante a aula e não que deveria ser uma cena pronta e tal. Mas o que ele esperava era que a gente aplicasse técnicas do método que estamos aprendendo em outra aula. Então, no fim da cena ele começou a me fazer um monte de perguntas sobre a vida da personagem que não faziam parte do filme e que eu não tinha trabalhado. Estava trabalhando isso na outra cena e nem me preocupei de fazer isso com essa. Me senti super mal, mas pelo menos consegui fazer ele entender que o objetivo que eu tinha identificado na cena estava certo. Ele nem fez as perguntas pro Alberto. Nos indicou alguns ajustes e fizemos mais algumas vezes de acordo com o que ele ia indicando. Mas ele estava certo e todas essas informações faziam falta pra construção do personagem como um indivíduo específico e não generalizado. Ainda não assistimos a cena pra ver como realmente estava. Na verdade, nenhuma das outras pessoas tinha feito esse trabalho. As que sabiam mais informações era porque a informação estava dentro da história e não porque tinham criado. Mas a minha personagem só tinha duas cenas no filme, o que não me dava muitas pistas. Acabei me sentindo frustrada e chateada porque podia ter trabalhado mais, mas é difícil não se distrair tendo toda cidade para conhecer e não muito tempo. Fiquei pensando que se ele tivesse dado essa aula na semana passada a gente teria tido uma semana pra consertar e fazer de novo. Mas era a última aula, última chance. O que me deixou mais triste foi o fato de a aula dele ter sido muito boa, queria mais. Mas é um intensivo e ele me explicou que era assim mesmo, que o importante era a gente entender o que devia ser feito para poder aplicar depois no nosso trabalho. Acho que entendemos bem e fará diferença no nosso futuro, mesmo que tendo sido uma experiência tão rápida. A parte mais consoladora foi que, sendo o Alberto o único homem da turma, acabou tendo uma pequena conversa com o professor durante o intervalo no banheiro masculino. O professor disse pra ele que tinha uma sensação muito boa a respeito dele e de mim. Que ele sabia como era difícil fazer tudo isso e num segundo idioma e que via que a gente estava entendendo o que ele estava propondo e que a gente só precisava de mais tempo pra chegar onde ele queria na cena. Além disso, a nossa cena era gigante e ele admirou nossa coragem de estudar tudo aquilo. Disse também que sentia que a gente ainda iria voltar e que a gente devia voltar. Engraçado porque na semana passada depois dessa aula eu só queria voltar pro Brasil e depois dessa aula eu me senti como se ainda não estivesse preparada pra voltar. O ensaio depois da aula não aconteceu porque a minha parceira de cena não tinha começado a decorar o texto ainda. Então, ficamos um pouco mais por lá pra assitir um pedaço da aula do nosso professor no curso regular. Ficamos só um pouco poque estávamos cansados e eu ainda tinha que estudar. Mas foi muito interessante porque uma das alunas tinha levado um amigo para mostrar o trabalho dele e era um pintor que tinha perdido a visão e que continuou pintando. Ele era tipo da nossa idade e falou um monte de coisas que foram uma boa lição de vida. Voltamos pro albergue e comecei a escrever a biografia da minha personagem da cena de quinta para poder fazer a entrevista com a professora de terça. Acabou ficando tarde e como eu estava com dor de cabeça deixei para escrever no dia seguinte.
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